terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Série Estudando Fora - Edição Estados Unidos da América




Oi!

Nos primeiros semestres da faculdade, sempre tem aqueles amigos que acabam decidindo que não estão no lugar certo e resolvem mudar de curso. Isso foi exatamente o que aconteceu com o Rafael, que era da minha turma de Relações Internacionais, mas decidiu mudar totalmente e foi pôr em prática toda a sua habilidade com as ciências exatas estudando engenharia! haha 

O fato é que, estudando engenharia, o Rafael teve a oportunidade de viver uma experiência incrível através do Ciências sem Fronteiras nos Estados Unidos! Ele topou na mesma hora contar pra gente como foi esse intercâmbio e eu acho que vocês vão adorar esse post cheio de fotos super legais.

Espero que vocês curtam essas dicas e contem o que acharam nos comentário!

Beijos!

Laís



***Estudando nos EUA***


Perfil

Nome: Rafael Vieira lima

Idade: 24 anos

País e cidade onde está morando: EUA, Lincoln, NE

Universidade onde você está estudando: University of Nebraska Lincoln

O nome do seu curso: Engenharia de Telecomunicações (embora, lá eu estivesse matriculado como engenharia elétrica)

Marque uma das opções abaixo:

[x]graduação  [  ]mestrado




Acadêmico

Você sempre quis estudar fora do Brasil?
R.: Sim, desde sempre eu falava que estudaria fora algum dia, mesmo sem ter muita noção de como seria.

Qual foi a maior diferença que você notou entre estudar no Brasil e estudar no país onde está agora? Quais foram as maiores dificuldades?
R.: As diferenças foram bem grandes. Desde o dia a dia em sala de aula até o comportamento dos alunos e o relacionamento aluno-aluno e aluno-professor.
Pra começar, uma grande diferença é a carga horária, aqui no Brasil, temos uma carga muito grande em sala de aula. Lá, a maioria das aulas são de apenas 50 minutos, poucas chegam a uma hora e vinte. No CEFET, chego a ter aulas de até 4 horas. A forma como o conteúdo é abordado também é muito diferente. Por passar tão pouco tempo em sala de aula, os professores passam uma carga bem pesada de “homework” (dever de casa). Todos os deveres devem ser entregues e serão pontuados. Chegando ao final do semestre a contabilizar até 50 por cento da nota. O que faz com que, mesmo o aluno passando pouco tempo em sala de aula, ele necessite dispensar um bom tempo de estudos sozinho. Sem duvidas me adaptar à rotina de às vezes até 10 horas num dia fazendo “homework” foi uma das dificuldades encontradas.

Sobre a forma como se aborda o conteúdo, o que me chamou bastante atenção foi que, em palavras de um amigo americano meu “No Brasil, valoriza-se o entendimento, aqui, valoriza-se mais a memorização”. O nível de dificuldade das provas é menor que o da minha faculdade aqui, porém, com provas extremamente extensas, o que não dá tempo de você montar e seguir um raciocínio, você tem que ir para prova já certo do que você vai fazer e colocar as respostas de forma mais direta possível.

Algo que também foi bastante latente é o comportamento do aluno em sala de aula. Conversas paralelas são praticamente inexistentes e o professor tem dificuldade quando precisa que os alunos trabalhem em grupos. 



O pessoal na universidade foi receptivo?
R.:Extremamente. O povo de Nebraska é um dos mais receptivos que eu tive o prazer de conhecer. Tanto a equipe da universidade, quanto as pessoas no geral da cidade foram extremamente amigáveis. Havia sim, o chamado “espaço pessoal” mas, de uma forma geral, as pessoas estavam interessadas em conhecer pessoas novas e se tornarem amigas. Além da simpatia e da receptividade, eles são extremamente generosos, tínhamos caronas sempre que necessário, e principalmente, eles gostam de estar juntos, tendo diversos eventos para reunir as pessoas e principalmente, para tentar integrar os alunos.



O que as pessoas daí acham do Brasil?
R.: A maioria conhece muito pouca coisa sobre o Brasil. No geral, Carnaval, futebol e o Rio de Janeiro (por causa do filme “Rio”).

Quais são as dicas que você dá para os brasileiros que querem estudar fora do Brasil?
R.: Se informar sobre os lugares. Abrir os olhos para os lugares que vão além dos lugares “comuns” de se fazer intercâmbio. Antes de viajar, nunca nem tinha ouvido falar sobre a cidade que fiquei, volto de lá apaixonado pelo local e encantado com as pessoas de lá. E, durante o intercâmbio, tentar se aproximar ao máximo das pessoas locais e dos internacionais. Encontrar brasileiro fora é algo extremamente prazeroso porque de certa forma a gente acaba se sentindo mais em casa perto deles, mas temos que tomar cuidado pra não nos restringirmos a esse grupo, pois o melhor do intercâmbio é exatamente a convivência com outros.



Cultural

Como foi o processo de mudança?
R.: O começo foi bem corrido. Fiz parte do “Ciências Sem fronteiras”, mas meu edital foi um tanto quanto conturbado. A principio,eu havia me inscrito para Portugal, porém, por problemas internos no programa, a parceria com as universidades portuguesas foi suspensa nesse período, o que nos levou a um realocamento. Então, nos deram 8 opções de escolha de países para irmos, com proposta inicial de que se pagaria até 6 meses a mais de bolsa (que a princípio era de 1 ano), que seriam os meses iniciais, onde faríamos um curso da língua local. Minha opção foi pelo Reino Unido. Mas, novamente, por problemas internos do programa, faltando pouco mais de um mês para que nos mudássemos, recebemos a notícia que o governo britânico e o governo brasileiro não haviam chegado a um acordo para a concessão do visto de estudante (o governo britânico estava exigindo, pelo menos, uma nota 5 no IELTS, um exame de proficiência na língua inglesa) e já não havia tempo hábil para fazer a prova, então, nos apresentaram a proposta de ir para os EUA.

Aceitei a proposta e no dia 1º de agosto recebi meu TOA (terms of appointment), basicamente, sua carta de aceite na universidade. Detalhe, recebi o TOA no dia 1º de agosto e este me informava que eu deveria estar na universidade já no dia 19 de agosto. Foram 18 dias extremamente corridos, pois nem visto eu tinha ainda e a semana do dia 12 ao dia 16 era minha semana de provas.

As primeiras semanas nos EUA, fomos imersos em um monte de atividades tanto culturais quanto acadêmicos e burocráticos. No final do primeiro mês, quando as coisas começaram a entrar num ritmo mais “normal”, foi bem complicado. É a hora em que já não é mais tão novidade assim, mas que você ainda não se adaptou e a saudade de casa e dos amigos começa a bater. Mas também é a hora em que os laços de amizade locais começam a ser forjados.




Quais são as diferenças culturais mais marcantes entre o Brasil e o país onde você está?
R.: A que mais me chamou atenção foi a confiança que as pessoas têm umas nas outras aqui. Você não precisa provar algo. O fato de você estar falando já é suficiente para que as pessoas acreditem em você, o que reduz e muito a burocracia dentro da universidade.

Outra coisa que me chamou muita atenção e era até engraçado é que eles dormem muito mais cedo e agendam seus planos com antecedência. Ficavam loucos com a gente, quando, a 1h da manhã, saímos chamando-os para assistir um filme ou fazer uma social. Sempre ouvíamos: “Sério? Mas é quase 1h da manhã”.  Geralmente, todos os planos deles são organizados com semanas de antecedência e para horários bem cedo. Já nós, sempre fazíamos as coisas de súbito.

Uma característica que eu achei bem engraçado e bonitinho também é que eles quase não se tocam enquanto nós nos tocamos o tempo inteiro de forma inconsciente mesmo. Aí, os americanos que se tornaram nossos amigos, de tempos em tempos simplesmente encostavam a mão no nosso ombro ou peito. Dava pra ver que eles não tinham muita noção do que estavam fazendo e nem exatamente o porquê estavam fazendo isso, mas que como viam que a gente se comporta assim, eles também faziam quando estavam conosco.

Qual o feriado/festa nacional mais divertido/interessante no país onde você está?
R.: Sem duvidas o “Thanksgiving” (o dia de ações de graças), quando as famílias se reúnem e é quase um Natal. Foi bem interessante porque o Glen, um amigo, levou a gente para a casa da família dele e ai tivemos a oportunidade de realmente vivenciar um verdadeiro Thanksgiving .

Como é o custo de vida no país?
R.: No país em si eu não sei, pois assim como o Brasil os EUA é um país bem grande e com muitas diferenças entre as suas regiões. Mas, o custo de vida em Nebraska era bem baixo. Porém, saúde e educação são escandalosamente caras. Foi um susto quando descobrimos que somente para utilizar a ambulância são mais de 900 dólares. E que na universidade, um crédito custa em torno de 600 dólares por semestre (aqui no Brasil, eu chego a fazer até 32 créditos em um semestre). No geral, bem de consumo aqui é muito barato, mas as coisas básicas, são bem caras.

Onde você está morando? Aluguel, alojamento, residência estudantil etc.?
R.: Eu morei em alojamento. Grande parte dos alunos da universidade aqui mora neles. O que é muito interessante, facilita a integração. Além de ser muito confortável saber que a maior parte de seus amigos no país (ou no nosso caso, TODOS) estão a menos de 500 metros da sua casa. A estrutura do alojamento é muito boa. Nos mais simples, eram quartos razoavelmente grandes, que comportam 2 pessoas confortavelmente ( porém , você poderia morar sozinho, desde que pagasse extra por isso) . O maior inconveniente era usar banheiros coletivos, um banheiro para todo um andar. Os mais sofisticados eram uma casa mesmo que o estudante tinha com quarto, sala e seu próprio banheiro.

Quais os lugares que você mais gosta de visitar aí?
R.: Apesar de ser a capital, Lincoln é uma cidade bem pequena, pelo menos quando comparada com cidades como Rio de Janeiro. Aqui, vamos geralmente ao centro da cidade, menos de 5 minutos a pé da faculdade, ou ao Oak lake, um lago aqui perto. Mas esse intercâmbio trouxe consigo oportunidades maravilhosas, com ir ao Grand Canyon, Las Vegas e o parque nacional de Yosemite, na California.


O que você mais gosta de comer aí?
R.: Comida foi uma das coisas mais difíceis para me adaptar. Pra ser sincero, não me adaptei. Eu comia nos Restaurante universitário. No geral, a comida tinha pouco ou quase nenhum tempero o que eles tentavam compensar colocando muita pimenta e canela. A gente brincava dizendo que eles provavam a comida a viam que estava sem sal, então colocavam canela no lugar.

Eu gostava de ir aos restaurantes mexicanos. Era onde eu encontrava comida mais parecida com a nossa.

Como você se locomove até a universidade ou outros lugares? 
R.: Eu morava dentro da universidade. Então, ia a pé mesmo. Locomoção para outros lugares já era mais complicada. O transporte público lá não é muito eficiente. Se você for comparar com o Rio de Janeiro então, é praticamente inexistente. A Locomoção era feita basicamente de carro. Alugávamos ou pegávamos caronas com os amigos. Já que quase todos tem carro.

Você pensa em ficar de vez no país onde está estudando? Por que?
R.: Isso é algo que eu realmente ainda não sei. Antes de vir pra cá, não tinha planos de morar aqui, foi uma oportunidade que apareceu e eu aproveitei. Sou grato pelo tempo que tive, voltando para o Brasil agora e me readaptando a vida lá é que pensarei nisso um pouco melhor.

Qual é a parte mais legal da experiência de estudar fora?

R.: Sem dúvidas, a parte não acadêmica. Conhecer pessoas de outras culturas, seus hábitos e costumes. Poder vivenciar como somos tão parecidos em algumas coisas mesmo tendo prismas de vida tão diferentes e ao mesmo tempo, como a cultura, a criação, o local de nascimento moldam as pessoas. O choque entre as realidades e os princípios de cada um, faz da convivência muito interessante e extremamente enriquecedora.

2 comentários:

  1. Nossa, que fotos lindas! As respostas foram ótimas. Me surpreendi com a descrição das pessoas da universidade como receptivas, a gente sempre ouve que os americanos são meio distantes e frios!

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    1. Sim, essas fotos dão mais vontade ainda de conhecer o lugar! Achei legal também que os colegas da faculdade se empenhavam em ser receptivos com o Rafael. Muito maneiro!

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